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Houston, we have a hater!

Após 20 anos de mercado e mais de 20 mil contatos no LinkedIn, finalmente, eu tenho um hater (foi obviamente bloqueado). O termo hater foi usado pela primeira vez por Will Smith na música Gettin’ Jiggy with it, 1997, implicando que essas pessoas são motivadas por inveja. Na minha opinião haters são frustrados, as vezes esquerdistas em época de direita, e vice-versa (sem ideologias políticas, pelo menos nesse post), mas que enxergam o sucesso de alguém como algo incômodo. 

Oxford, define hater como “pessoa que não gosta de alguém ou algo específico“. Segundo Wikipedia, haters são pessoas que postam comentários de ódio ou crítica. Qualquer pessoa pode ser vítima das ações de um hater, contudo, os alvos mais comuns são celebridades ou famosos e pessoas controversas. As ferramentas utilizadas para os ataques são fóruns e redes sociais. Os comentários de um hater podem ser atos de cyberbullying e assédio, por um conteúdo agressivo ou ofensivo.

Não sou famoso ou celebridade, mas estou no mercado há décadas, e, sinceramente, 1 hater em dezenas de milhares de relacionamentos parece até pouco. Seria algo como 1/20 mil = 0,005%. Pouco, ne? Mas não vou negar que é algo novo para mim, e incomoda.

Incomoda muito? Não. É como aquele quilinho a mais, que está ali, você sabe disso, mas tem preguiça de dar aquela corridinha a mais pra acabar com ele, e, francamente, não te impede de ir à praia e tomar uma com os amigos… mas o pentelho do quilinho está ali e, as vezes, uma vez a cada 6 meses, você se lembra dele. Mas não tem tempo ou disposição pra rebater ou queimar o quilinho, então deixa ele ali.

No mercado financeiro, e, especialmente fazendo negócios, reestruturando empresas, lidando com crises e conflitos diariamente, comprando e vendendo empresas, nem sempre todas as partes são agradadas. Não dá para agradar a todos e ficar sempre em cima do muro. É normal, é natural e intrínseco da atividade ter alguém falando mal de você.

Se você assessora uma empresa e é duro para negociar com um banco ou FIDC, o banco ou FIDC vai espalhar que você é desonesto e protege muito a empresa. Se você defende o fundo, a empresa vai te taxar de capitalista desumano, que não prioriza os empresários. Se você tira uma empresa da crise por, momentaneamente, cortar algum benefício de funcionário, pronto, você vira o anticristo, mesmo que essa ação tenha salvado centenas de empregos. A culpa é sempre sua, e sempre, invariavelmente, vão falar mal de você. Segundo o STJ, se você deixar de pagar impostos agora você pode ser um criminoso!

Se você vende bem um negócio num momento de baixa de mercado, e a parte compradora, seja por falta de análise ou por incompetência, não performa o negócio como como esperava, essa parte vai te achar um enganador, sem olhar para a causa raiz do problema, que é a própria incapacidade intelectual. É natural do ser humano pouco desenvolvido, projetar a culpa no outro. É o mecanismo primitivo de autodefesa. Foi o que aconteceu, neste caso, com meu haterzinho de estimação. Analisou um M&A por dois anos, comprou (com a diligencia perfeita), foi inábil na gestão, tentou devolver o negócio ao vendedor depois de um ano, não conseguiu, e agora ataca, não diretamente em redes sociais (por medo de processo de difamação), mas falando mal para alguns contatos que simplesmente ignoram o indivíduo.

Como eu me sinto com relação a isso? Bom… tem um quilinho a mais, mas…tendo muito o que fazer pelas empresas que assessoro, pelas startups que sou sócio, pelas centenas de alunos que ensino, pelas dezenas de parceiros comerciais, e pela minha família, não tenho como dar atenção a alguém assim.

Mas por que escrevo esse texto? Pra se um dia, se meu haterzinho te procurar, você já saber que se trata de um hater e, se isso acontecer você pode (i) ser maduro e ignorar, (ii) ser influenciável e dar ouvidos e, sem qualquer julgamento, vou ficar feliz em compartilhar com você os pormenores do fato, não por que preciso, mas por que prezo pela reputação inabalável. Para se um dia, o mesmo acontecer com você, você não se sentir sozinho, e compreender que existem milhares de pessoas que são vítimas de haters. Que isso é natural, que pode acontecer com qualquer um, e que não há motivos para preocupação.

Uma vez num dos meus cursos um patrocinador me disse “você vai colocar o palestrante X para falar? Fica esperto que o fundo Y está falando mal dele”. Minha resposta: “Somente um fundo falando mal? Esse cara deve ser foda! Geralmente um monte de fundo fala mal. Você deve ter maturidade em analisar o que escutar e filtrar, não sair por aí repassando opinião dos outros”. E o patrocinador fechou comigo e entrou no curso. Não propague fake news! 

Se você assim como eu, possui um hater, existem algumas formas de lidar com eles:

(i)                 não caia no jogo deles, “Silenciar não significa hipocrisia, ainda mais se tratando dessa “classe”. Tudo o que o hater procura é uma chance de continuar sendo hater. Deixar que eles “falem sozinhos” é um meio de evitar que eles cresçam. Respondê-los não é a melhor opção”.

(ii)                apague os comentários, “Apagar este tipo de comentários não significa deixar de ser democrático, mas não respeitar nem incentivar que eles aconteçam”.

(iii)              reflita sobre os ataques “Algumas críticas negativas são importantes para o crescimento se estiverem bem embasadas. Porém, este tipo de crítica provavelmente não virá de um hater”.

(iv)              eles querem publicidade, ”Quanto menos atenção eles receberem, menos interessados estarão em continuar”.

(v)                não guarde os comentários com você “Para viver de forma saudável e conviver com este tipo de comentário, é preciso não os armazenar”.

Ainda, se você acha que sou do mal, um péssimo profissional, um homem desonesto, ou algo do gênero por possuir meu hater, afaste-se de mim. É… não precisamos um do outro. Se você julga as pessoas, por você ter uma reputação que julga inabalável, e não pode conviver com alguém que tem um haterva bene, não desfrute do network. Agora, se for vítima de um hater, não se desespere. Estamos vivendo uma era de transparência e economia compartilhada, e precisamos enfrentar os desafios de peito aberto e com maturidade.

” Playas, gonna play and haters gonna hate”.

De que lado você está?

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